A Dieta Mediterrânea é alvo de uma ampla pesquisa sobre
o impacto da alimentação na qualidade de vida dos espanhóis
com alto risco de problemas cardiovasculares desde 2003.
Chamado Predimed, o estudo agora revelou que, por ser rica
em azeite de oliva, esse tipo de nutrição reduz em mais da
metade o risco de problemas circulatórios nas extremidades,
o que os médicos chamam de doença arterial periférica (DAP),
relata o jornal O Globo.
Na nossa alimentação, aqui em casa, o azeite de oliva está
presente à mesa e na cozinha todos os dias do ano. Ótimo
para saladas, para amaciar e melhor temperar a carne e até
para fazer pães e bolos, o azeite de oliva de boa qualidade
é o Ouro Líquido, como enunciou Homero, na antiga Grécia,
400 anos antes de Cristo.
O azeite de oliva está no ranking de alimentos essenciais ao
cardápio de quem quer uma vida mais saudável.
Uma pesquisa publicada no New England Journal of Medicine
comprovou que a dieta mediterrânea, cuja base é o azeite de
oliva extravirgem, castanhas, cereais integrais, vinho tinto,
peixes e vegetais, é capaz de reduzir em 30% o risco de
doenças cardiovasculares.
O azeite de oliva não só ajuda a diminuir o mau colesterol
(LDL) como aumenta o bom colesterol (HDL). Isso ocorre
graças a presença de antioxidantes, gorduras monoinsaturadas
do azeite. Mas seus benefícios não ficam restritos a saúde
cardiovascular, proteção do cérebro e dos ossos, combate do
diabetes e até emagrecimento entram na sua lista de ganhos
Fantásticos para a saúde humana.
Tipos de azeite de oliva
O alimento só pode ser considerado aeite de oliva se for obtido exclusivamente a partir da azeitona, sem misturas de óleos de outras naturezas.
Os azeites de oliva virgens são aqueles obtidas por meio de processos mecânicos ou físicos feitos em condições que não alterem o azeite e que em todo o processo ele não tenha sofrido tratamentos além da lavagem, decantação, centrifugação e filtração.
Há 3 tipos de versões virgens próprias para o consumo.
São elas:
- Azeite extravirgem: Um óleo saboroso com acidez, demonstrada em ácido oleico, não superior a 1%. Ele é a melhor opção, pois possui mais fotoquímicos que têm propriedades antioxidantes. Busco sempre 0,6% de acidez, se possível.
- Azeite virgem: O alimento possui sabor e aroma marcantes e tem acidez, demonstrada em ácido oleico, não superior a 2%.
- Azeite virgem corrente: Tem um gosto bom e acidez, demonstrada em ácido oleico, não superior a 3,3%
JJ
Benefícios do azeite
Regula o colesterol: Os tocoferois, substâncias antioxidantes presentes no azeite, parecem ter um efeito inibitório na síntese de colesterol ruim, o LDL, reduzindo seus níveis e outros fatores causadores de doenças cardiovasculares. Este óleo apresenta as gorduras monoinsaturadas, que também são benéficas para o órgão cardíaco. Essas gorduras ajudam a regular o colesterol, pois aumentam os níveis de HDL, o colesterol bom, e não elevam o LDL.
Protege o coração: Os antioxidantes diminuem a síntese
do colesterol ruim, LDL, que em excesso se acumula dentro
das paredes das artérias do coração, formando as placas
de gordura e tornando os vasos mais estreitos.
O estreitamento ou entupimento dos pequenos vasos
sanguíneos é a principal característica da aterosclerose,
que é estabelecida quando o fluxo sanguíneo para o coração
fica prejudicado. Sem o sangue necessário, o coração fica
carente de oxigênio e de nutrientes vitais para que ele opere
de forma adequada. O processo também pode elevar a pressão
arterial, favorecendo o risco de infartos e derrames. Uma
pesquisa da Universidade de Navarra, na Espanha, concluiu
que uma dieta rica em azeite de oliva virgem pode prevenir
ou até mesmo reverter a aterosclerose.
Ajuda a emagrecer: Muitas pessoas podem até estranhar que um óleo seja capaz de ajudar a diminuir o ponteiro da balança, mas o azeite de oliva assume esse posto. Uma pesquisa realizada pela Universidade de Viena, na Áustria, e Universidade Técnica de Munique, na Alemanha, concluiu que o azeite de oliva contribui para a perda de peso. O estudo apontou os compostos de aroma deste óleo como os responsáveis pelo emagrecimento, pois eles são capazes de regular a saciedade. Após uma refeição, o tempo que a sensação de saciedade dura depende de uma série de fatores, porém o nível de açúcar no sangue influencia significativamente. Quanto mais rápido ele cai, ou seja, quanto mais rápido as células absorverem a glicose do sangue, mais cedo a pessoa começa a sentir fome. A pesquisa concluiu que o azeite de oliva possui substâncias de aroma que reduzem a absorção de glicose do sangue para as células do fígado. Porém, o óleo não faz milagres, para perder peso é importante ter uma dieta balanceada e praticar atividades físicas.
Protege o cérebro: Outro benefício dos antioxidantes presentes no azeite está relacionado ao cérebro. Segundo apontam alguns estudos estas substâncias são eficazes na prevenção de danos cerebrais causados pela oclusão de artérias cerebrais, como derrames. Também existem pesquisas preliminares que apontam a possibilidade de o azeite contribuir na melhora de funções cognitivas.
Uma pesquisa feita pela Universidade de Frankfurt, na Alemanha, descobriu que existe um composto presente no azeite chamado hidroxitirosol é capaz de impedir a degeneração dos neurônios, retardando o processo de envelhecimento cerebral.
Outra pesquisa realizada pela Universidade de Bordeaux e o Instituto Nacional de Saúde e Pesquisas Médicas, na França, sugere que o consumo do azeite de oliva pode ajudar a prevenir o acidente vascular cerebral (AVC) em pessoas mais velhas. Os pesquisadores observaram os registros médicos de 7625 pessoas de 65 anos ou mais e categorizaram o consumo de azeite de oliva extravirgem omo "sem uso", "uso moderado" - o uso do azeite apenas para cozinhar, temperar ou com pão - e "uso intenso". Depois de pouco mais de cinco anos do começo da análise, houve a ocorrência de 148 AVCs. Ao considerar dieta, prática de atividades físicas, índice de massa corpórea e outros fatores de risco para o acidente vascular cerebral, os estudiosos descobriram que aqueles que usaram regularmente o azeite de oliva para cozinhar e temperar tiveram 41% menos chances de ter um AVC, quando comparados a aqueles que nunca usavam o azeite. Apenas 1,5% dos idosos que consumiam azeite tiveram o acidente, contra 2,6% dos que nunca consumiam.
Previne e combate o diabetes: O azeite de oliva é um aliado no combate à diabetes por ser anti-inflamatório e conter substâncias antioxidantes. Quando as inflamações diminuem, a captação de insulina na célula é melhor. Isto faz com que não seja necessário produzir tanta insulina, ajudando os portadores de diabetes tipo 2, pois o organismo deles têm uma tendência a precisar de mais insulina para enviar às células a mesma quantidade de glicose de uma pessoa saudável.
Um estudo publicado na revista científica Diabetes Care concluiu que uma dieta suplementada com azeite de oliva virgem diminuiu a incidência de diabetes tipo 2 em indivíduos com alto risco cardiovascular após quatro anos de acompanhamento. A incidência de diabetes foi reduzida em 51% nos indivíduos que consumiram o azeite em comparação com aqueles que tiveram uma dieta com baixo teor de gordura.
Diminui a dor: O azeite de oliva também pode estar relacionado a redução de dor crônica. Uma pesquisa realizada pelo Instituto Monell, nos Estados Unidos, descobriu que o azeite possui uma molécula que inibe a atividade de enzimas envolvidas em inflamações. Trata-se do oleocathal, composto com ação igual a do analgésico, portanto há a possibilidade de o consumo regular deste óleo proporcionar alívio para quem sofre de dores crônicas, como dores nas articulações, nas costas e dores musculares, em geral.
Bom para os ossos: A saúde dos ossos também pode ser beneficiada pelo consumo de azeite, evitando assim fraturas e doenças como a osteoporose. Segundo pesquisadores do Instituto Linus Pauling, nos Estados Unidos, há uma relação entre a osteoporose e a vitamina K, presente no azeite de oliva. Este nutriente contribui para manter os ossos saudáveis. Uma pesquisa do Nurses? Health Study, nos Estados Unidos, acompanhou 72 mil mulheres durante dez anos e descobriu que aquelas do grupo com níveis de vitamina K baixos tinham 30% mais chances de quebrar o quadril do que aquelas com altos níveis do nutriente.
Uma pesquisa realizada pela Sociedade de Endocrinologia Americana também percebeu os benefícios do azeite para os ossos. Após dois anos avaliando 127 homens com idades entre 55 e 80 anos, os cientistas concluíram que aqueles que consumiram um cardápio de dieta mediterrânea com azeite de oliva virgem e baixa caloria ? io cardápio também tem como base o consumo de nozes e peixes - também tiveram um aumento nos índices de osteocalciona e outros formadores de ossos. Os índices de osteoporose na região do Mediterrâneo, onde seus moradores têm uma alimentação composta por boas quantidades de azeite de oliva, são baixos.
Diminui o risco de câncer: Diversos estudos apontaram que o azeite de oliva exerce um efeito protetor contra determinados tumores malignos. Já foi provado que os riscos de câncer de mama diminuem quando a pessoa inclui este óleo em uma dieta saudável. Uma pesquisa da Universidade de Granada, na Espanha, concluiu que os polifenois presentes no azeite destroem uma proteína responsável por acionar o gene HER2, que é o responsável por iniciar a forma mais frequente do câncer de mama.
Os riscos de câncer de intestino também são reduzidos. Em sua composição o azeite possui tocotrienois, antioxidantes que, segundo estudos, diminuem a proliferação de células tumorais.
As chances de desenvolver o câncer de cólon e reto ficam menores quando o azeite é consumido. De acordo com um estudo publicado a revista da Sociedade Europeia de Oncologia isto ocorre porque ele é rico em gorduras monoinsaturadas que diminuem a produção de prostaglandinas derivadas de ácido araquidônico, o qual tem um papel significativo na produção e no desenvolvimento de tumores.
Quantidade recomendada de azeite
A quantidade recomendada de azeite de oliva são duas colheres de sopa por dia, o equivalente a 30 gramas.
O melhor é que o azeite seja a sua fonte de gordura diária ao invés da margarina, manteiga ou maionese, pois esses alimentos não possuem as gorduras monossaturadas presentes no óleo das oliveiras e tão benéficas ao organismo.
Como consumir o azeite
Ao invés de passar a manteiga no pão, utilize o azeite
O azeite pode ser consumido in natura finalizando as preparações como saladas, pratos como peixe, massas, carnes, entre outras. Ao consumir um pão procure comê-lo com azeite trata-se de uma alternativa mais saudável do que consumi-lo com manteiga ou margarina, fontes de gordura saturada. Extremamente versátil, ele também pode ser usado na preparação de receitas de molhos e até em pratos cozidos ou frituras.
-Ao natural ou aquecido?
Alguns especialistas defendem que o azeite deve ser consumido apenas em finalizações de pratos, como para temperar a salada ou os legumes cozidos. Isto porque ao serem expostos a altas temperaturas, os ácidos graxos deste óleo iriam saturar. Assim, os riscos do consumo do azeite aquecido seriam todos aqueles causados pelo consumo de gorduras saturadas, inclusive o aumento da prevalência de doenças cardiovasculares. Por outro lado, outros profissionais da saúde argumentam que o tempo em que o azeite fica exposto ao fogo não é o suficiente para que ele perca todos os seus nutrientes e que é melhor cozinhar com ele do que com outros alimentos menos saudáveis, como a manteiga ou o óleo de soja. Apesar da polêmica, todos os especialistas concordam que a melhor maneira de consumir o azeite é in natura.
-Cuidados ao armazenar o azeite
Quanto mais jovem o azeite for, melhor para o consumo. Muitas de suas propriedades são termo e fotossensíveis, ou seja, oxidam-se na presença de calor e luz. É importante ficar atento para a data de validade e não deixá-lo próximo do fogão quando for cozinhar, a fim de evitar que ele aqueça e perca propriedades. O mesmo vale para a embalagem, quando ela é de aço ou de vidro escurecido, evita a passagem de luz e preserva os compostos benéficos.
-Evite o azeite composto
O azeite composto é feito com a mistura entre outros tipos de óleo e o azeite de oliva. Ele não é interessante porque estes outros óleos podem ser ricos em gorduras saturadas, prejudiciais para o organismo quando consumidas em excesso. Em alguns casos somente 10% do azeite composto é de azeite, é por isso que muitas vezes o preço é bem abaixo de um azeite de oliva puro. Portanto, é essencial olhar o rótulo antes de fazer a compra.
Compare o azeite com outros alimentos
O principal diferencial do azeite em comparação a outros óleos é ser rico em gorduras monoinsaturadas, a turma que faz bem à saúde. Uma fonte desta gordura é o abacate, a quantidade diária recomendada da fruta, 45 gramas, possui 4,4 gramas de gorduras monoinsaturadas. Enquanto a quantidade recomendada de azeite de oliva, 30 gramas, possui 21,9 gramas desta gordura. Assim, este óleo possui cinco vezes mais gorduras monoinsaturadas do que o abacate.
Outra fonte é o amendoim. A quantidade diária recomendada desta oleaginosa é 40 gramas que contém 9,7 gramas de gorduras monoinsaturadas. A quantidade recomendada de azeite, 30 gramas, possui 21,89 gramas de gorduras monoinsaturadas, ou seja, cerca de duas vezes mais do que o amendoim.
Apesar do óleo de soja também ser rico em gorduras monoinsaturadas, ele não é uma opção melhor do que o azeite de oliva por conter altas concentrações de ácido araquidônico com alto poder inflamatório sobre tecidos, órgãos e vasos, ao contrário do azeite que tem propriedades anti-inflamatórias.
Nutrientes (30 g de óleo) | Azeite de oliva | Óleo de coco | Óleo de soja | Óleo de girassol | Óleo de milho | Óleo de canola |
Calorias | 265 kcal | 247 kcal | 265 kcal | 265 kcal | 270 kcal | 265 kcal |
Gorduras totais | 30 g | 30 g | 30 g | 30 g | 30 g | 30 g |
Gorduras saturadas | 4,14 g | 25,95 g | 7,42 g | 2,7 g | 3,87 g | 2,19 g |
Gorduras monoinsaturadas | 21,89 g | 1,74 g | 18,37 g | 17,2 g | 8,27 g | 18,99 g |
Gorduras poli-insaturadas | 3,16 g | 0,54 g | 2,79 g | 8,69 g | 16,40 g | 8,44 g |
Ferro | 0,17 mg | 0,012mg | -- | 0,09 mg | -- | -- |
Cálcio | -- | -- | -- | -- | -- | -- |
Potássio | -- | -- | -- | -- | -- | -- |
Sódio | 1 mg | -- | -- | -- | -- | -- |
Vitamina E | 4,30 mg | 0,027 mg | 2,43 mg | 12,32 mg | 4,29 mg | 5,23 mg |
Vitamina K | 18,1 mcg | 0,015 mcg | 7,41 mcg | 1,53 mcg | 0,57 mcg | 21,39 mcg |
Fonte: Tabela do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos.
Contraindicações
O consumo de azeite não apresenta contraindicações. Porém, pessoas que apresentaram alergia a algum componente do azeite não devem consumi-lo.
Riscos do consumo excessivo
O azeite de oliva é muito calórico, possui 265 kcal por porção de 30 gramas, portanto abusar do seu consumo pode resultar em ganho de peso.
Receitas com azeite de oliva
Salada de quinoa com azeite de oliva
Saiba como preparar pratos saudáveis e deliciosos com o azeite.
Receita de salada de quinoa com azeite
Salada brasileira com azeite de oliva
Macarrão de quinua com tomates frescos e azeite
Lentilha com linguiça e azeite de oliva
Receita de salada de quinoa com azeite
Salada brasileira com azeite de oliva
Macarrão de quinua com tomates frescos e azeite
Lentilha com linguiça e azeite de oliva
Fontes consultadas:
Nutricionista Israel Adolfo, de São Paulo.
Nutricionista Ângela Cristine Bersch Ferreira do Hospital do Coração de São Paulo. CRN: 24641
Nutrólogo Roberto Navarro. CRM SP 78.392
Nutricionista Israel Adolfo, de São Paulo.
Nutricionista Ângela Cristine Bersch Ferreira do Hospital do Coração de São Paulo. CRN: 24641
Nutrólogo Roberto Navarro. CRM SP 78.392
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UM POUCO DE HISTÓRIA
A origem da oliveira, na sua forma primitiva, remonta à Era Terciária, anterior portanto ao aparecimento do homem, e se situa na Ásia Menor, provavelmente na Síria ou naPalestina, regiões onde foram descobertos vestígios de instalações de produção de azeite e fragmentos de vasos datados do começo da Idade do Bronze. Contudo, em toda a bacia do Mediterrâneo foram encontradas folhas de oliveira fossilizadas, datadas do Paleolítico e do Neolítico, sendo também pesquisada a sua origem ao sul do Cáucaso, nos altos planos do Irã.
O uso do azeite na Antiguidade
Por volta de 3000 anos antes de Cristo, a oliveira já seria cultivada por todo o Crescente Fértil. Sabe-se, no entanto, que, há mais de 6 mil anos, o azeite era usado pelos povos da Mesopotâmia como um protetor do frio e para o enfrentamento das batalhas, ocasiões em que as pessoas se untavam dele.
De acordo com a Bíblia, havia comércio de azeite entre os negociantes da cidade de Tiro, que, provavelmente, o exportavam para o Egito, onde as oliveiras, na maior parte, não oferecem um produto de boa qualidade. Há também informações extraídas do Antigo Testamento bíblico de que teria sido na quantidade de 20.000 batos (2 Crônicas 2:10), ou 20 coros (1 Reis 5:11), o azeite fornecido por Salomão a Hirão, sendo que o comércio direto desta produção era, também, sustentado entre o Egito e a Israel (1 Reis 5:11; 2 Crônicas 2:10-15; Isaías 30:6 e 57.9; Ezequiel 27:17; Oséias 12:1).
A propagação da cultura do azeite pelas demais regiões mediterrânea provavelmente deve ter ocorrido por meio dos fenícios e dos gregos. Assim, já na Grécia antiga se cultivava a oliveira, bem como a vinha. E, desde o século VII a.C., o óleo de oliva começou a ser investigado pelos filósofos, médicos e historiadores da época em razão de suas propriedades benéficas ao ser humano.
Os gregos e os romanos sem dúvida descobriram várias aplicações do azeite, com suas múltiplas utilizações na culinária, como medicamento, unguento ou bálsamo, perfume, combustível para iluminação, lubrificante de alfaias e impermeabilizante de tecidos.
Além disso, o azeite é mencionado em quase todas as religiões da Antiguidade, havendo inúmeras lendas e mitos a respeito. Muitas das vezes a oliveira era considerada símbolo de sabedoria, paz, abundância e glória para os povos.
O azeite nas religiões antigas
Para os egípcios, o cultivo da oliveira teria sido ensinado por Ísis; os gregos e romanos também acreditavam que a origem de tal cultura teria sido uma dádiva dos seus respectivos deuses.
De acordo com a mitologia grega, ao disputar as terras do que é hoje a cidade de Atenas, o deus Posidão, com um golpe de seu tridente, teria feito brotar um belo e forte cavalo e que a deusa Atenas trouxe uma oliveira capaz de produzir óleo para iluminar a noite, suavizar a dor dos feridos e de servir como um alimento precioso, rico em sabor e energia.
Na Eneida, Virgílio faz uma menção ao azeite e à oliveira: "E com um ramo de oliveira o homem se purifica totalmente".
Rômulo e Remo, considerados descendentes dos deuses e fundadores da cidade deRoma, teriam visto a luz do dia pela primeira vez debaixo dos galhos da oliveira.
Todavia, entre os judeus o azeite teve uma grande importância nos cultos quanto ao oferecimento de sacrifícios a Deus, simbolizando a sua presença entre os homens.
A simbologia do azeite na Bíblia e no Cristianismo
Em Gênesis, quando as águas do dilúvio tinham cessado e a arca ainda navegava sobre as águas, o patriarca Noé teria soltado uma pomba que retornou trazendo um ramo de oliveira.
Jacó, ao ter duas experiências sobrenaturais com Deus, em Betel, em ambas as vezes colocou no local uma coluna de pedra sobre a qual derramou azeite. (Gênesis 28:18 e 35:14)
Os judeus utilizavam o azeite nos seus sacrifícios e também como uma divina unção que era misturada com perfumes raros. Usava-se, portanto, o azeite na consagração dos sacerdotes (Êxodo 29:2-23; Levítico 6:15-21), no sacrifício diário (Êxodo 29:40), na purificação dos leprosos (Levítico 14:10-18 e 21:24-28), e no complemento do voto dos nazireus (Números 6:15).
Quando alguém apresentar ao Senhor uma oblação como oferta, a sua oblação será de flor de farinha; derramará sobre ela azeite, ajuntando também incenso. (Levítico 2:1)
Pode-se afirmar que a Torah previa três tipos de ofertas de manjares que deveriam ser acompanhadas com azeite e sem fermento, as quais eram: 1) flor de farinha com azeite e incenso; 2) bolos cozidos ou obreias (bolos muito finos) untadas com azeite; 3) grãos de cereais tostados com azeite e incenso. E, enquanto a ausência de fermento simbolizava a abstinência do pecado, o azeite representaria a presença de Deus. Parte das ofertas era então queimada no altar como sacrifício a Deus. Certas ofertas, contudo, deviam efetuar-se sem aquele óleo, como, por exemplo, as que eram feitas para expiação do pecado (Levítico 5:11) e por causa de ciúmes (Números 5:15).
Os judeus também empregavam o azeite para friccionar o corpo, depois do banho, ou antes de uma ocasião festiva, mas em tempo de luto, ou de alguma calamidade, abstinham-se de usá-lo.
O azeite também era reconhecido como um medicamento entre os judeus (Isaías 1:6;Marcos 6:13; e Tiago 5:14). No Evangelho segundo Lucas 10:34, o "bom samaritano" unge as feridas do homem que tinha sido atacado pelos salteadores com vinho e azeite. O azeite, nas feridas, era conhecido por ajudar a cicatrizar.
Pode-se dizer que na cultura judaica o azeite indicava o sentimento de alegria, ao passo que a sua falta denunciava tristeza, ou humilhação.
Antes de sua prisão, Jesus passou momentos agonizando no Getsêmani, ou Jardim das Oliveiras, situado nos arredores da Jerusalém antiga. O nome Getsêmani significa lagar do azeite. A escolha do local trazia com exatidão o que estava acontecendo com Jesus momentos antes de ser crucificado, quando iria ser sacrificado e esmagado como uma azeitona, a fim de que a humanidade pudesse receber o Espírito Santo em seus corações.
Ainda hoje na Quinta-Feira Santa, a Igreja Católica consagra os santos óleos que são usados pelos sacerdotes ao longo do ano em rituais litúrgicos sacramentais, como o batismo, o crisma, a unção dos enfermos e a ordenação sacerdotal. De acordo com o Direito Canônico, tais óleos devem ser de origem vegetal, mas é usual utilizar o azeite para tal consagração.
Fonte: Wikipedia
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